quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A MOÇA QUE SE JOGOU DA JANELA

Um dia, saindo do trabalho, tinha um monte de gente na rua olhando pra cima.

No alto de um prédio, esquina da Rio Branco com São José, uma pessoa parecia sentada na janela. “Pula!!” gritava um e outro na rua.

Não resisti e fiquei ali olhando também – uma figura muito bizarra, toda de branco estilo noiva-cadáver estava sentada no último andar, com as pernas pra fora. De repente vi a figura esticar o corpo pra fora da janela e ... pulou!!!!!!

– AAAAAAAAi – berrou a multidão.

– Ai meu Deus do cééééu!!! – berrei eu. Virei o rosto desesperada, não ia agüentar ver aquela cena! Socorro!

Eu não tinha percebido que uma corda segurava a mulher (nem sei se era mulher, na real), e ela foi ‘rapelando’ pra baixo, saltando as janelas como se voasse suavemente.

Bicho! Aquela cena me deixou tão, tão atordoada. Eu tinha certeza de que a pessoa tinha se jogado e a sensação foi horrenda. A imagem daquela figura bizarríssima voando prédio abaixo, devagar com um véu esvoaçante me provocou um sentimento tão ruim, me atormentou tanto, que desde então, todos os dias qdo passo por ali, chegando e saindo do trabalho, me lembro dessa sensação. Hhhhrrr, ruim!

Acho que se eu fosse criança ia chorar toda vez que passasse por ali. Talvez chorasse de noite atordoada com aquela imagem. Acho que é por isso que as crianças, às vezes, tem medo de escuro, medo de alguns lugares ou de pessoas, de pessoas fantasiadas. Devem provocar uma sensação da qual elas não gostam mas que não sabem explicar e da qual não conseguem se desvencilhar. Por mais que se tente convencê-las de que não há perigo ou que aquele bicho é só uma fantasia, a sensação não muda. Precisa de muita racionalização pra entender e resfazer a ideia e aí é muito difícil.

Tomara que eu me lembre disso – e por isso estou escrevendo – quando a Alice tiver maus sonhos ou inexplicavelmente cismar com algum lugar. Tem que respeitar e consolar, só isso.

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